O
preconceito com as carnes de segunda e de terceira, sempre existiu. Por serem
carnes mais baratas, as pessoas associam com de má qualidade. O preconceito aumenta quando o assunto é
miúdos e partes do boi que normalmente são descartadas, como línguas, orelhas, bucho, fígado, tendões, pâncreas,
testículos, rins e coração. Essas partes são consideradas por muitos como
intragáveis.
Porem, subprodutos da carne é hoje em dia uma tendência
gastronômica, conhecida como cozinha ‘nose to tail’. Esses itens aparecem atualmente
no menu de muitos dos restaurante da alta gastronomia por todo o mundo.
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Nose to Tail |
A exportação desse nicho cresceu como nunca, sendo que hoje
em dia 90% do total produzido são exportados para a Europa, pois lá há uma
grande aceitação. O cérebro e a bochecha bovina são comuns nos cardápios
franceses. Já na América do Sul, a Argentina e o Uruguai consomem-se glândulas
e tripas com naturalidade, e encontra-se nas melhores churrascarias de lá. Além
de extremamente nutritivos, os miúdos são muito saborosos quando bem preparados
e apresentados.
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Miúdos de boi |
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Miúdos para exportação |
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Miúdos de frango e pato |
Os grandes chefs usam
essas partes normalmente indesejáveis do boi, e criam receitas em que há um
modo de cocção e temperos diferentes, que garantem uma boa textura, além da
apresentação do prato que é tão bonita que fica difícil pensar que o alimento
pode ser, por exemplo, um coração de boi.
O cliente dificilmente percebe que é uma carne que antes ele
desprezava, pois como normalmente os miúdos são mais escuros, muitos chefs
montam os pratos com uma combinação de cores para garantir uma leveza e
atratividade aos olhares criteriosos dos clientes.
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Dobradinha com feijão branco |
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Lingua de boi com cappellini |
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Rim ao marsala com erva doce e Figado a veneziana |
Esses pratos apesar de ingredientes simples dão trabalho aos
chefs, pois como são partes desprezadas, é muito difícil acha-los. Isso faz com
que seja comum restaurantes famosos procurarem açougue em bairros mais
afastados. Quando se encontra um fornecedor de confiança, os miúdos tem um
preço elevado pela dificuldade de consegui-los. Há também toda uma preocupação
com a limpeza, o corte e o preparo fazendo com que o preço de um prato com
miúdos não seja menor que um prato elaborado com cortes nobres.
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Prato servido por Alex Atala |
Porem o preconceito ainda é forte no Brasil, pois os
brasileiros cultuam carnes mais nobres como filé mignon, picanha, entre outras.
Outro motivo que faz com os indivíduos não queiram comer miúdos é o fato de que
em algum momento de suas vidas, eles experimentaram algum miúdo e acharam o
sabor ruim, pois não houve um cuidado no preparo, fazendo com que o gosto de
ferro característico dessas partes do boi continuassem presentes, causando
estranheza ao paladar.
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Miudos grelhados com chimichurri na Argentina |
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Torta de pombo e pé de porco de Londres |
A cozinha ‘nose to tail’ ganha mais força a cada dia, apesar
do preconceito de muitos, por ser ecologicamente correta. Alguns chefs
praticantes da ‘nose to tial’ pregam que é falta de respeito e desperdício
matar um animal e não aproveitar todas as suas partes, o intuito é aproveitar o
animal inteiro ao invés de se aterem às partes nobres.
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Timo de cordeiro com picles de échalote e vinagrete de pinhole da França |
A cozinha ‘nose to tail’ reduz a quantidade monumental de
comida que se desperdiça dia a dia. E ensina uma lição àqueles que consideram
carne apenas aquilo rosa ou vermelho que vem em bandejinha de isopor, pois o
futuro do mundo está numa nova relação cultural do homem com o seu entorno e
com a sua comida.
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Achei a matéria bem interessante, ainda mais pelo fato de minha mãe sempre nos incentivar a ingerir miúdos em geral.
ResponderExcluirConfesso que "miolos" eram intragáveis, mas comíamos por livre e espontânea pressão.
Traquéias, lembro bem, eram removidas e descartadas, mas nunca perguntei o porquê.
Tripas, pés, intestinos, glândulas, corações... Tudo isso povoou minha infância e juventude, e até hoje, vez ou outra, se fazem presentes em meu cardápio.
Meu filho também se acostumou a ingerir estes alimentos e nunca reclamou do gosto, cor, cheiro etc, tendo preferência por corações e fígados.
Quando bem preparados eles ficam muito saborosos, né? E hoje em dia quase ninguem tem o costume de comer.
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